O Nome da Rosa, de Umberto Eco

Um dos nomes mais respeitados, não só na literatura, como também em muitos outros campos de conhecimento, Umberto Eco (1932–2016) foi um escritor, filósofo, semiólogo e linguista italiano de renome mundial.

Diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha, na Itália, Eco lecionou também em Harvard, Collège de France, na Universidade Columbia e na Universidade de Toronto.

Autor de diversas obras notórias, o italiano foi ainda escritor de romances. Lançado em 1980, O Nome da Rosa, o primeiro romance de Umberto Eco, foi o responsável por torná-lo mundialmente conhecido.


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“Mesmo uma guerra santa é uma guerra.”

A história de O Nome da Rosa acontece em torno de uma série de crimes misteriosos cometidos dentro de uma abadia no norte da Itália.

As investigações desses acontecimentos caem nas mãos de Frei Guilherme de Baskerville, um monge franciscano medieval, o protagonista da obra. Frei Guilherme é sempre acompanhado por Adso, um jovem noviço, aprendiz de padre, que é o narrador do livro.

“Sejam dadas graças a Deus por eu naqueles tempos ter adquirido de meu mestre a vontade de aprender e o sentido do caminho reto, que se conserva mesmo quando o atalho é tortuoso.”

Frei Guilherme, então, com todo o ar de Sherlock Holmes, começa a investigar os crimes que vão surgindo na abadia. Essa aventura é o pilar que sustenta a obra de Umberto Eco.

“Por causa dos pecados dos homens o mundo está suspenso à beira do abismo, penetrado pelo próprio abismo que o abismo invoca.”

A abadia em questão abriga uma gigantesca biblioteca, que acaba se tornando peça crucial nas investigações de Frei Guilherme. Uma biblioteca cheia de mistérios escondidos, conectados com a série de assassinatos que vêm ocorrendo no mosteiro.

““Mas então vivemos num lugar esquecido por Deus”, disse eu, desanimado. “E encontraste porventura algum em que Deus ter-se-ia sentido à vontade?”, perguntou-me Guilherme, olhando-me do alto de sua estatura.”

O Nome da Rosa é, sim, uma história de detetive. Porém, é uma história muito mais sofisticada (se podemos definir assim). Isso porque o enredo mescla as investigações dos crimes cometidos com inúmeros e constantes conhecimentos teológicos, históricos, filosóficos e linguísticos.

“Os sábios dos novos tempos são apenas anões em cima dos ombros de anões.”

Com um personagem renascentista, um frade franciscano intelectual de postura absolutamente racional e de mentalidade teocêntrica, o enredo da obra de Eco expande-se num cenário medieval de desafios lógicos, disputas religiosas e muito mistério.

““Eu não sou um assassino!”, protestou. “Ninguém o é, antes de cometer o primeiro crime”, disse filosoficamente Guilherme.”

Umberto Eco soube muito bem conduzir a história de O Nome da Rosa e em nenhum momento deixou de transmitir recados. As linhas das páginas de O Nome da Rosa, assim como os livros escondidos pela imensa e misteriosa biblioteca da abadia, guardam palavras que merecem atenção.

“Mas lembra-te que o primeiro dever de um bom inquisidor é o de suspeitar antes dos que te parecem sinceros.”

Fácil? Não é. O Nome da Rosa é um livro grande, ambientado numa era medieval, com longas passagens em latim (não traduzidas!), intrigas eclesiásticas, discussões teológicas e filosóficas e ainda por cima tem um título misterioso que não é explicado na narrativa.

“Coisas são ditas mesmo quando se cala.”

Pode assustar alguns, mas a obra vale cada capítulo. O Nome da Rosa é uma leitura capital, quase obrigatória. É a figura maior de Umberto Eco, que deixou sua genialidade em um romance primordial, reunindo todo o seu conhecimento e fundindo com uma história de detetive. E quem não gosta de histórias de detetives?

“Porque nem todo povo de Deus está pronto para aceitar tantos segredos.”