Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento, de Adriana Falcão

pequeno-dicionario-de-palavras-ao-vento-de-adriana-falcao-2Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento é exatamente isso, um pequeno dicionário de palavras ao vento. Nele, no entanto, o vento são as páginas do livro e as palavras são o ar que faltava para o pulmão respirar sorridente.

Adriana Falcão é escritora e roteirista da TV Globo. Escreveu A Grande Família, Comédias da Vida Privada, a série Mulher, além de roteiros para o cinema, tais como Se Eu Fosse Você, O Auto da Compadecida e O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias. Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento é de 2003.

 


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O livro é um pequeno dicionário livre, leve e solto. As palavras foram selecionadas como são usadas no cotidiano da nossa vida. É um mini-dicionário com a única regra de não ter regras. No lugar delas, sentimentos.

“Amanhã: dia de realizar os sonhos pendentes.

Etecétera: o que se diz quando não se sabe mais o que dizer.

Agonia: quando o Maestro que rege você se perde totalmente.

Ler: ter o poder de viver outras vidas sem precisar nem sair da cama.

Abandono: quando uma jangada parte e você fica.

Querer: quando o olho do desejo brilha.

Arrependimento: inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás.

Dengo: vontade súbita de ter uma avó perto.

Beija-flor: a coisa que mais se parece com flor, tirando mulheres apaixonadas, borboletas e filhos.

Destino: se é que existe, que seja cúmplice.”

As definições que Adriana Falcão dá para as palavras ao vento não são lógicas nem objetivamente certeiras. Por isso não faz do livro um verdadeiro dicionário tradicional. São definições líricas, irônicas, imagéticas. Definições que nos fazem pensar, refletir. Curtas e novas formas de conhecer as palavras, não superficialmente, mas experimentá-las, testá-las e aproximá-las da nossa mais íntima atenção.

As definições desse pequeno dicionário representam, na maior parte das vezes, sentimentos. É, na verdade, uma grande reflexão criativa sobre os significados.

“Cabisbaixo: quando o chão é a única coisa que não incomoda a pessoa.

Desculpa: palavra que pretende ser um beijo.

Economia: quando você consegue deixar de comprar aquilo, ainda que aquilo seja exatamente o que você queira.

Fatura: papelzinho que serve para lembrar que já que você comprou, agora vai ter que pagar.

Iate: medalha de rico que flutua.

Hipocondria: mania de transformar espirro em pneumonia.

Carnaval: oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada.

Zaga: algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado.

Convicção: tipo de verdade absoluta que, mesmo sendo uma grande mentira, não sai da certeza da pessoa.

Justiça: que está necessitando urgentemente de um transplante de córnea.”

Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento não é um livro destinado a uma faixa etária exclusiva. Pode (e deve!) ser lido por todas as idades. É tudo tão livre, tão leve e tão solto à ventania que com ele voam também certezas e convicções.

Adriana Falcão arquiteta muito bem as definições da obra. Os novos e criativos significados apresentados são alinhados com os belos desenhos que sobrevoam as páginas do livro, ilustrações da Thais Beltrame.

Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento é um sopro da imaginação que nos faz abrir os olhos e sorrir por dentro.

“Educação: português, matemática, ciências, geografia, história e, principalmente, gentileza.

Psiu: o nome das pessoas que a gente não sabe o nome.

Balé: quando o corpo é lápis, espaço é papel e música é motivo.

Não: palavra que alguns só aprendem a dizer depois de anos de análise.

Mãe: aquilo que dá vontade de gritar quando a gente não sabe o que fazer.

Lágrima: sumo que sai pelos olhos quando se espreme um coração.

Flerte: quando se joga “escravos de Jó” com os olhos.

Segredo: aquilo que você está louco para contar.

Emoção: um tango que ainda não foi feito.

Deus: só Deus sabe.”