Crônica de uma Morte Anunciada, de Gabriel García Márquez

Crônica de uma Morte Anunciada, de Gabriel García Márquez 2Gostar ou não gostar? – eis a questão.

Gabriel García Márquez: um dos escritores mais reconhecidos do mundo inteiro. Colombiano, Nobel de Literatura, autor de algumas das maiores obras do século XX. Ás do realismo mágico latino-americano. E talvez seja nessa exata questão que a coisa pegue. Talvez García Márquez seja um daqueles autores que ou você gosta ou você não gosta. E ponto final.


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O primeiro livro que li do escritor colombiano foi o célebre Cem Anos de Solidão. O segundo foi Memória de Minhas Putas Tristes. Os dois merecem resenha, mas para isso preciso relê-los. Quem sabe um dia… Mas o que eu posso adiantar é: Memória de Minhas Putas Tristes é bom e Cem Anos de Solidão é, digamos, único.

Pois então eu leio o meu terceiro livro de García Márquez, Crônica de uma Morte Anunciada, e me deparo em uma contradição. Eu disse que talvez García Márquez seja um autor do tipo “gosta ou não gosta”. Sobre Crônica de uma Morte Anunciada? Bem… Não sei dizer se gostei ou não.

“De repente senti os dedos ansiosos que abriam os botões da minha camisa, senti o cheiro perigoso da fera de amor deitada às minhas costas, e senti que me afundava nas delícias das areias movediças de sua ternura. Mas parou de súbito, tossiu de muito longe e saiu da minha vida.”

O livro Crônica de uma Morte Anunciada foi publicado em 1981. É uma reconstrução jornalística da história do assassinato de Santiago Nasar pelos irmãos Pedro e Pablo Vicário.

Crônica de uma Morte Anunciada é exatamente como se fosse uma crônica de uma morte já anunciada. Simples, não?

“Logo que apareci no vão da porta confundiu-me com a lembrança de Santiago Nasar. “Estava aí”, disse-me. “Vestia a roupa de linho branco lavada só com água, porque sua pele era tão delicada que não suportava o roçar do engomado.” Ficou bastante tempo sentada na rede, mastigando sementes de mastruço, até que a ilusão de que o filho voltara foi embora. Suspirou então: “Foi o homem da minha vida.””

A história é cheia de percalços. Em resumo: Santiago Nasar é acusado de desonrar Ângela Vicário. Por isso, os irmãos da moça, Pedro e Pablo Vicário, resolvem matá-lo.

Toda a região fica sabendo da tragédia antes mesmo de ela acontecer. São muitos os que sabem que os irmãos Vicário vão matar Santiago Nasar. Nada, porém, salva o rapaz desse destino. Destino logo anunciado.

““Não quero flores no meu enterro”, disse-me, sem pensar que eu trataria disso no dia seguinte.”

Essa vingança rodeia e personagens a mil são incluídos no enredo. Sobre Santiago Nasar, pouco sabemos. Não conhecemos seus pensamentos nem se ele sabe ou não o destino que lhe tem, mesmo cercado de tantas informações alheias que o narrador tanto buscou para nos dar.

O fato é que a obra gira em torno do anúncio da morte de Santiago Nasar e o mistério da história está no depoimento da moça desonrada. Será mesmo culpado o pobre rapaz?

“Quando se anunciou a visita do bispo, tratou de adiar o casamento por um dia, para que ele os casasse, mas Ângela Vicário se opôs. “A verdade”, disse-me, “é que eu não queria a bênção de um homem que só cortava as cristas para a sopa e jogava o resto do galo no lixo.””

Enfim… É Crônica de uma Morte Anunciada. Enquanto lia, gostei e desgostei. Acabei a leitura e não sei dizer se gostei ou não. Talvez tenha gostado. Talvez seja só mais um dos mistérios de Gabriel García Márquez.

“Nunca houve morte mais anunciada.”

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