Fim, de Fernanda Torres

Fim, de Fernanda Torres 2A primeira atuação de Fernanda Torres no palco foi em 1978, aos 13 anos, na peça Um Tango Argentino. Do teatro, foi para a televisão, em 1981, atuar nas telenovelas Baila Comigo e Brilhante. Em 1983, foi para o cinema, protagonizar Inocência. E assim foi. No meio tempo, entrou no humor de Os Normais e Tapas & Beijos. No teatro, cinema ou televisão, Fernanda Torres tornou-se admirada atriz.

Mais recentemente, a artista começou a atuar em outro ramo, na imprensa. Em 2013, foi, enfim, para a literatura. Com Fim, seu primeiro romance, Fernanda Torres surpreendeu e mostrou ser completa também no universo literário.


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Fim conta a história de um grupo de cinco amigos cariocas que rememoram os momentos marcantes de suas vidas. Vitórias, arrependimentos, manias, realizações pessoais, festas, casamentos e separações.

Álvaro é sozinho, não suporta a ex-mulher e vive em consultórios médicos. Sílvio é corrompido pelo universo do sexo e das drogas. Ribeiro, praiano e atlético, vive com os efeitos do Viagra. Neto é o careta, marido fiel. E Ciro é o Don Juan abatido por um câncer.

Os cinco amigos são diferentes em seus aspectos, mas todos estão no extremo da vida. Viveram no êxtase dos anos 1960 e sofrem hoje os excessos da vadiagem e dos costumes e valores revirados de cabeça para baixo.

“(…) A morte não existe. Nem o budista reencarnacionista acha que vai voltar igual ao que foi. Vou estar na planta, na baba da lagarta que devora a planta, na mosca que lambe a baba da lagarta que devora a planta. Estarei por ali. Foi de bom tamanho, eu estava cansado. A indiferença daqui me cai bem. (…) Uma vez, li que a morte era o momento mais significativo da vida, e é mesmo. A minha foi boa, está sendo, não por muito mais.”

A história é feita de humor e memórias, de amizades e desencontros, de sexo e loucuras, de praia e sol, de homens e mulheres, de vida e morte.

Vezes melancólica e complexa, vezes graciosa e sem amolações, a história da obra é muito bem trilhada para um romance de estreia. A narrativa, o modo de contar, é muito bem explorado. A história é muito bem contada. Grosso e sutil, o enredo é trágico e debochado ao falar do ser humano.

“Meu filho me arrastou para o hospital no dia em que eu apareci pelado na portaria perguntando por fogo. Eu queria acender um cigarro. Não esbocei reação, dei a mão para ele e me deixei levar. O Parkinson acaba com a iniciativa da gente. (…) Na clínica, me viraram de cima a baixo e deram o veredito: dali para frente, eu teria dificuldade para andar, falar, comer, pensar, dormir e trepar. Grande notícia. E ainda se paga para ouvir uma merda dessas.”

Fim é o descompasso do ponto de chegada, a tortura da corrida contra o tempo, a lembrança da ressaca decadente e a agonia da ilusão terminal. Fim fala do fim e fala da vida. Fim é um novo começo para Fernanda Torres. Um belo começo.

“(…) Estou vivendo a minha morte, pensou. Parou para assistir.”