O que é um romance de cavalaria?

Aproveitando a leitura e a resenha de Dom Quixote, uma das obras literárias mais importantes de todos os tempos, falemos sobre os frequentemente citados (e raramente lidos, nos dias de hoje) romances de cavalaria.

Os romances de cavalaria, ou as novelas de cavalaria, constituíram um gênero literário durante o período da Idade Média. Tipicamente medieval, esse gênero literário teve seu auge entre o fim do século XV e o começo do século XVII. Por isso não é comum nos depararmos com lançamentos de novos livros com histórias de cavalaria.

Essas obras foram escritas desde o século X, surgindo provavelmente na França ou na Inglaterra. (Não se sabe ao certo.) Mas além desses dois países, as novelas de cavalaria fizeram muito sucesso também em Portugal, na Itália e na Espanha (país de origem de Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote).

A partir do momento que foram tornando-se populares, os romances de cavalaria, que, em um primeiro momento, circulavam entre a realeza e os fidalgos, constituíram um gênero literário escrito em prosa medieval que aconteceu durante os movimentos literários do Trovadorismo e do Humanismo.

As novelas de cavalaria, na verdade, são derivadas da poesia épica. Os poemas épicos que surgiam eram longos demais e, por isso, foram sendo escritos em prosa, construindo assim a essência das narrativas de cavalaria.

Os romances de cavalaria retratam histórias de temas heroicos e guerreiros. Os enredos contam os feitos e as aventuras (às vezes fantásticas) de heróis destemidos, cavaleiros errantes em busca da justiça e da glória.

Essas aventuras, porém, sempre são mescladas com histórias de amor. Os cavaleiros medievais nunca se contentam somente com as batalhas e as missões. Eles têm suas amadas, as contemplam e muitas vezes exigem ser correspondidos. O amor concretizado, às vezes proibido, nem sempre tem final feliz, mas os heróis das novelas de cavalaria nunca deixam de lado o amor por suas donzelas. Além disso, algumas histórias de cavalaria também refletem ideais cristãos em aventuras espirituais.

Entre atos de coragem e lealdade, na dúvida de um final possivelmente trágico, os romances de cavalaria, normalmente bem extensos e divididos em capítulos, foram se adaptando às novas perspectivas de mundo. Ultrapassando a temática e também a linguagem, foram deteriorando-se na tradição. Ficaram perdidos no tempo.

Algumas das novelas de cavalaria que marcaram o gênero foram Amadis de Gaula, A Demanda do Santo Graal, O Palmerim de Oliva e até Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

Dom Quixote não é um romance de cavalaria! A obra de Cervantes é inspirada nas novelas de cavalaria. Dom Quixote de La Mancha é, na verdade, uma sátira a esse gênero literário medieval. Com todos os atributos e características típicos de um romance de cavalaria (todos, mesmo), o livro Dom Quixote é considerado o primeiro “romance moderno”. Um grande divisor de águas refletidas pela história das novelas de cavalaria.

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