A Vida Privada das Árvores, de Alejandro Zambra

a-vida-privada-das-arvores-de-alejandro-zambra-2Alejandro Zambra nasceu em Santiago, no Chile, em 1975. Ganhador de diversos prêmios chilenos, o escritor, crítico e professor de literatura é autor de livros de poesia, coletânea de ensaios, de contos e romances como Bonsai e Formas de Voltar Para Casa. A Vida Privada das Árvores é de 2007.

O livro conta a história de uma espera. Júlian, um professor de literatura, espera por sua esposa, Verónica. Com a demora, ele toma como responsabilidade a distração de Daniela, sua enteada. Além de brincar com ela, Júlian resolve contar-lhe histórias sobre árvores.


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Nesse meio-longo tempo, Júlian traz a tona lembranças diversas, desde como conheceu Verónica até as frustrações vividas pelas tentativas de escrever um livro.

A voz narrativa, que aguarda Verónica e relembra os acontecimentos da vida de Júlian, não demora para anunciar que o livro não acaba enquanto a mulher não chegar ou até ele perceber que ela não voltará mais.

“Seria preferível fechar o livro, fechar os livros, e enfrentar, sem mais, não a vida, que é muito grande, mas a frágil armadura do presente. Por ora, a história avança e Verónica não chega, é bom deixar isso claro, repetir isso mil e uma vezes: quando ela voltar, o romance acaba, o livro segue em frente até que ela volte ou até que Júlian tenha certeza de que ela não vai mais voltar.”

Entretendo Daniela e recordando o passado, Júlian começa a devanear inúmeras sugestões do destino que a esposa tomou, levantando possibilidades trágicas e imaginando como seria sua vida se Verónica não voltar.

Os pensamentos de Júlian transbordam A Vida Privada das Árvores. De forma breve, o livro caminha vagarosamente ao expor memórias e ilusões.

“Queria enfiar a memória numa mochila e carregar essa mochila até que o peso acabasse com suas costas.”

Em meio aos recortes do tempo, ao passado, a história, em certo momento, desanda quanto ao presente e se atém ao futuro. Quando isso acontece, o leitor chega a um ponto em que não sabe mais se o que está acontecendo é o que Júlian quer que aconteça, o que ele sente que vai acontecer, ou se realmente é o que aconteceu anos depois. Ou seja, sem saber se é real ou não, o leitor fica preso nas projeções do personagem. E isso não tem solução, não é avisado, respondido. Fica ali, entre o passado, o presente e algum tipo de futuro.

Na expectativa, Júlian cria teorias. Cabe ao leitor confiar ou não, crer ou não, andar nessa imaginação do personagem ou não.

Enquanto espera Verónica, Júlian cuida de Daniela. Em A Vida Privada das Árvores, o leitor depende, na verdade, do narrador, somente, assim como a própria história, o próprio livro. Na poética de Zambra e na quimera do personagem, o leitor é conduzido a um futuro já reservado.

“É que a gente sempre quer ser outra coisa, Daniela, responde ele – ia dizer Danielita ou Dani, mas disse Daniela. A gente nunca está contente com o que é. Seria estranho estar totalmente contente.”

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