Rita Lee uma autobiografia

Cantora, compositora, instrumentista, atriz, escritora e ativista. Criada em São Paulo, nascida no dia 31 de dezembro de 1947. Rita Lee Jones vai fazer 70 anos!

Ame ou odeie. A loucura em forma de gente, a doideira das drogas e do rock’n’roll. Quem é ela? Quem é ela? Essa tal do rock’n’roll.

A Rainha do Rock Brasileiro, a psicodélica cantora dos bafafás. A maior ou uma delas. Da linda loirinha mutante até a coroa do cabelo vermelho. A ovelha negra, a erva venenosa, a mina de Sampa. Rita Lee sempre foi rock!


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Lançada em 2016, a autobiografia de Rita Lee talvez não esteja à altura do sucesso que a cantora fez nos palcos da música. Ninguém mandou subir tanto, dona Rita.

O livro não é nada de rock’n’roll, mas é alguma coisa. Rita Lee uma autobiografia é uma coletânea de lembranças resgatadas da memória de uma senhora cantora.

“Crescer sendo brasileira entre americanos protestantes/maçons e italianos ultracatólicos me deu uma panorâmica existencial de valores e bizarrices. Não é à toa que sou bipolar com um pé do trifásico.”

Família, amigos, escola. As primeiras páginas trazem histórias da infância e da adolescência de uma garota que tinha tudo para ser a capeta do bairro. Mas a rebelde parece que nem foi tudo isso.

Nem a parte em que conta que foi molestada quando era criança, com uma chave de fenda, faz relação com a resistência que estava por vir.

A música não demora a chegar à vida de Rita Lee e as histórias já conhecidas pelo público dão as caras entre os mini-capítulos da obra autobiográfica. E aí sim tem início as contínuas fases de sexo, drogas e rock’n’roll. Tudo numa linguagem Rita Lee de ser e escrever.

“Estava eu no Rio quando soube que Ney ia fazer um show no MIS e fui assistir. Uma tempestade desabou, acabou a luz e o show foi cancelado, nessas fui dar um rolê no barzinho local à luz de velas e vejo um moreno lindo sentado tomando cerveja. Apesar de odiar cerveja, valia a pena pediu umazinha para fingir que tínhamos algo em comum. A única informação obtida com o barman foi que o nome do bonitão era Roberto. Humm.”

D’Os Mutantes até o solo (a carreira e o chão), o encontro com o grande amor de sua vida. Despedidas e a formação de sua família. É muito mais uma biografia de histórias do que uma história biográfica.

Talvez o punk que tenha faltado no pop rock do livro de Rita tenha sido a falta de detalhes. Talvez, não. Não esperar tanto pode ser uma solução.

O livro é, nada mais ou nada menos, ou talvez nem seja nada ou tudo isso, do que lembranças jogadas ao léu das páginas amareladas. Ressalvemos, porém: são histórias de uma vida. Coisas da vida num registro alaranjado.

“Nessa sequência de mortes, a vida pro meu lado andava maus, eu meio que encampei umas de pequena órfã da humanidade, vontade de mandar tudo praquele lugar e voltar à personagem irresponsável dos meus vinte anos, só que agora, com três filhos, a situação era outra, então vamos engolir a deprê e fingir que a vida continuava bela.”

Numa mania de Rita Lee, suspendendo os jardins da Babilônia, num banho de espuma, num flagra cor de rosa choque. Bailando com saúde, lançando perfume, perdoando o auê (que auê!). Só com muita reza pra conhecer Rita Lee Jones.

As aventuras de uma cantora de um sucesso estupendo. Rita Lee merece mais! Em cima do palco da vida, sempre em cima do palco, Rita. Mostre o dedo, levante a blusa, grite e faça o que quiser. Entre todas as mulheres do mundo, foi tu quem cantou o hino dos malucos.

“Eu sou do tempo do tempo do exato momento que o mundo explodiu.” Rita Lee sempre foi feliz e sabe disso.

“Sei que ainda há quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neo-religiosa, apenas encontrei um barato ainda maior: a mutante virou meditante. Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imagina que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos.”