A Revolução dos Bichos é um dos grandes marcos literários do século XX. Atravessando gerações, a obra de George Orwell, pseudônimo do escritor inglês nascido na Índia Britânica Eric Arthur Blair, é mundialmente conhecida pela inteligência patente em uma história viva de perspicácia.
Publicado originalmente em 1945, A Revolução dos Bichos é uma fábula protagonizada por animais. A história acontece em uma fazenda no interior da Inglaterra.
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Certo dia, um porco reúne os animais da fazenda e discursa sobre algo até então inédito para todos: uma vida livre dos humanos. Não trabalhar mais como escravos para o enriquecimento alheio. Não mais alimentar os humanos. Por que não?
Sedentos pelo sonho de uma vida livre, os animais resolvem unir forças e conseguem expulsar o proprietário da fazenda. Acontece a Revolução e os animais enfim são donos do próprio nariz. Criam uma sociedade onde todos se igualam, onde todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres. Viva a liberdade animal!
“Então, camaradas, qual é a natureza desta nossa vida? Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo alimento necessário para continuar respirando, e os que podem trabalhar são exigidos até a última parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade. Nenhum animal na Inglaterra sabe o que é felicidade ou lazer após completar um ano de vida. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida do animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.”
Entretanto-porém-todavia-contudo, as coisas fogem do controle. Os porcos, os animais considerados os mais inteligentes da fazenda, assumem a liderança da comunidade vagarosamente e, com o passar do tempo, se transformam em chefes tão ambiciosos e exploradores quanto os humanos que tanto odeiam.
Com medo de desafiar os porcos ou não inteligentes o suficiente para compreender o que estava acontecendo, os outros animais acabam aderindo à nova vida societária. A opressão volta à fazenda, mas agora vinda dos próprios animais.
“Na primavera e no verão, enfrentaram uma semana de sessenta horas de trabalho e, em agosto, Napoleão fez saber que haveria trabalho também nos domingos à tarde. Esse trabalho era estritamente voluntário, porém, o bicho que não aceitasse teria sua ração diminuída pela metade.”
Logo que publicada, A Revolução dos Bichos foi percebida pela enorme semelhança com a história da já consolidada Revolução Russa. O porco líder da fazenda, inclusive, é descrito muito parecidamente com Stálin, líder da União Soviética.
A crueldade e a tirania que Orwell introduz na história da obra foi uma tentativa de provar a completa distorção das concepções socialistas. A mensagem, no entanto, nunca foi realmente assimilada.
De fácil leitura, persuasiva e sagaz, A Revolução dos Bichos continua sendo lido em todo o mundo, mesmo que o contexto histórico original não seja atual. Mais do que recado político, A Revolução dos Bichos fala de liberdade, tema contínuo e global.
“Apesar disso, os bichos nunca perdiam a esperança. Mais ainda, jamais lhes faltava, nem por instantes, o sentimento de honra pelo privilégio de serem membros da Granja dos Bichos, que continuava a ser a única em todo o condado – em toda a Inglaterra! – de propriedade dos animais e por eles administrada. Nenhum deles, nem mesmo os mais moços, nem mesmo os provenientes de outras granjas, situadas algumas a dez ou vinte quilômetros de distância, jamais deixaram de maravilhar-se com isso. (…) O dia havia de chegar. Podia ser mais cedo ou mais tarde, talvez não acontecesse durante a vida de qualquer dos animais de então, mas havia de chegar. (…) Talvez fosse verdade que a vida era difícil e que nem todas as suas esperanças se haviam concretizado; mas tinham a consciência de não serem iguais aos outros animais. Se tinham fome, não era por alimentarem alguns tirânicos seres humanos; se trabalhavam arduamente, pelo menos trabalhavam em seu próprio benefício. Nenhuma criatura dentre eles andava sobre duas pernas. Nenhuma criatura era “dona” de outra. Todos os bichos eram iguais.”