Nu, de Botas, de Antonio Prata

Nu, de Botas, de Antonio Prata 2Nu, de Botas é uma graça. Que graça é Nu, de Botas. Uma graça cheia de graça. Compilação de graças que nos faz ter graça. E de tão graça, nos faz ver a graça e achar a graça e sentir a graça. Que graça é Nu, de Botas.


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Nu, de Botas é um livro de crônicas; textos que revisitam as memórias mais marcantes da infância de Antonio Prata, o autor da obra.

Prata, cronista brasileiro, um dos maiores da atualidade, narra, em Nu, de Botas, parte dos seus primeiros anos de vida com passagens muito originais. Não esquecendo, é claro, de um elemento essencial, comum em suas crônicas e no livro que vos falo: a graça.

“A clandestinidade era um canto no lavabo, entre a pia e a parede. A porta, quando aberta, projetava uma sombra entre o vão, deixando-o ainda mais protegido. Já havia recorrido àquele refúgio em vários esconde-escondes e, vez por outra, fugindo do banho: não seria agora, no sufoco, que ele me deixaria na mão.”

A graça de Nu, de Botas é feita de muitas graças: a graça cômica, a graça fantasiosa, a graça misteriosa, a graça lírica, a graça carente, a graça suave, a graça nostálgica, enfim, graças de enchê-las de graças.

“Durante meus primeiros anos de vida, a função das cuecas foi um enigma. Pra que usar uma sunga de algodão por baixo da calça, a apertar-nos o pinto, o saco e a bunda, se a todas essas partes do corpo era tão agradável o toque macio do moletom? O mistério arrastou-se até o dia em que meu pai, ouvindo-me reclamar da etiqueta de uma bermuda, a me pinicar as costas, sugeriu que eu vestisse uma cueca. Das trevas fez-se a luz. Então era isso, claro: elas existiam para nos proteger das etiquetas!”

As crônicas de Nu, de Botas perfilam uma figura sentimental de um garoto criado em São Paulo, nascido nos anos 1970. As memórias da infância do autor são retratadas como vivências reais, mas nem tudo é realidade!

Os textos de Prata, compilados no livro em questão, são filtrados pela ficção. Embora, ao lê-lo, saibamos que muito que sai dali é a mais pura verdade sentimental. Toda brincadeira tem um fundo de verdade…

“Bumbum, por exemplo, estava liberado por toda parte. Bunda era permitido na casa do meu pai e da minha mãe, mas não na escola ou na casa da minha avó. Existia uma terceira palavra curtinha e de aparência inofensiva, que não deveria ser pronunciada jamais, nem na casa do meu pai, como ficou claro da primeira vez que a ouvi.”

A capacidade de observação de Prata é alta e faz de sua obra o mérito. Algumas crônicas ganham mais atenção – mas isso vai de gosto.

As histórias de Nu, de Botas vão dar mais graça ao seu dia. Como Duvivier diz na contracapa da edição, o livro de Prata nos faz rir, chorar, rir do ridículo de chorar, chorar do ridículo de ficar rindo e, no final, querer rir mais um pouco.

Nu, de Botas tem um humor afetivo que nos faz colocar um sorriso no rosto e pensar: que graça!

“Na maior parte do tempo, porém, conseguia trajar-me de acordo com meus princípios: botas, sempre; cuecas, jamais.”