O Primeiro Telefonema do Céu, de Mitch Albom

O Primeiro Telefonema do Céu, de Mitch Albom 2E se o fim não for o fim?

O Primeiro Telefonema do Céu não é um livro de aspectos religiosos. Por mais que haja, sim, certas questões resvaladas nessas tortas linhas de uma história cheia de mistério, não se trata disso. O Primeiro Telefonema do Céu é, acima de tudo, uma história de fé.


Compre na Amazon: http://amzn.to/2bWi0WD


É logo na capa do livro que O Primeiro Telefonema do Céu expõe a grande questão que conduzirá o leitor em uma jornada de esperanças:

“Como você se sentiria se um dia recebesse uma ligação de alguém que ama muito – e que já se foi?”

É isso que acontece, certa manhã, com alguns dos habitantes da pequena cidade de Coldwater, em Michigan. Quando os telefones tocam, os moradores da cidadezinha atendem naturalmente. Naturalmente porque eles não sabem quem está do outro lado da linha. E quem está do outro lado da linha são pessoas que já morreram.

As vozes afirmam estar ligando do céu, um lugar lindo, sem dores e sofrimentos.

“É preciso começar de novo. É o que todos dizem. A vida, no entanto, não é um jogo de tabuleiro, e a perda de uma pessoa querida nunca é como “recomeçar um jogo”. É, acima de tudo, “continuar sem”.”

As pessoas que receberam esses telefonemas divergem nas dúvidas. Seria o maior milagre já ocorrido? Ou seria tudo um cruel trote comunitário?

Quando essas pessoas, que ligam do céu, entram em detalhes que só eles poderiam conhecer, os destinatários das ligações telefônicas se convencem. Eles foram os escolhidos para revelar ao mundo que o além existe.

A notícia atravessa as fronteiras da pequena cidade. É um grande surto de fé.

“Quando a multidão se acalmou, havia sete moradores de Coldwater de pé, afirmando terem feito o que parecia inimaginável: falar com o além.”

Em meio à novidade do milagre que para o mundo, um ex-piloto volta à cidade depois de passar os últimos meses na prisão. O que ele encontra, no entanto, é uma cidade totalmente transformada.

As igrejas estão lotadas. As ruas, intransitáveis. Milhares de pessoas se reúnem nos gramados para orar.

O ex-piloto, ao ver seu filhinho andando com um celular de brinquedo na mão, esperando uma ligação da falecida mãe, decide investigar essa história. Crente de que não há nada além da atual existência – ou descrente de muita coisa -, o ex-piloto determina-se a provar, também para si mesmo, que tudo não passa de uma grande farsa.

Os telefonemas do céu, cada vez mais frequentes, são colocados em dúvida. Mas a fé é grande. Cada personagem da história tem sua crença e seu motivo para acreditar. Ou não.

“Os vivos não podem falar com os mortos. Se pudessem, não achariam que eu também falaria? Acham que eu não trocaria o ar que respiro por uma única palavra de minha esposa? Isso não acontece. Não há Deus que faça algo assim. Não existe milagre nenhum em Coldwater.”

Em uma narrativa pronta para tocar a alma do leitor, O Primeiro Telefonema do Céu é uma grande reflexão sobre o poder da conexão humana.

Autor de As Cinco Pessoas Que Você Encontra no Céu, A Última Grande Lição e O Guardião do Tempo, o americano Mitch Albom faz com que O Primeiro Telefonema do Céu levante dúvidas necessárias.

Tratando de amor e esperança, pondo a imprensa e a mídia em sensível perspectiva, trazendo à tona questões ligadas à Igreja, introduzindo o poder, falando de Deus e ceticismo, contradizendo a visão de comunidade, questionando ligações da linha tênue da razão e da emoção, O Primeiro Telefonema do Céu proporciona ao leitor uma observação sensata acerca da fé.

Ressalto, aos que lerão o livro, e recomendo a leitura, que nem sempre o final das coisas acontecem do jeito que queremos ou esperamos. Mas, entre tantas coisas que O Primeiro Telefonema do Céu nos faz refletir, talvez o fim pode realmente não ser o fim.

“O medo nos faz perder a vida… Um pouco de cada vez… O que damos ao medo, retiramos… Da fé.”